sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ANDRAGOGIA


Trabalho apresentado a Professora Ms. Leila Carla Flohr, da disciplina de Andragogia - Pós Graduação

ESTUDO DE CASO

“Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

Fernando Pessoa

Todos os homens, todos os seres, todas as coisas existentes devem provar as emoções, saborear cada ato e cada sensação para se sentir pleno.

O homem em sua plenitude deve ser o protagonista de sua história, organizando seu mundo e transformando outros mundos. Cada homem permeia esse caminho através dos conhecimentos adquiridos, alguns recebidos na escola, instituição, outros recebidos na vida.

A escola tem o papel fundamental na construção de vida do homem, pois deve ter uma prática de educação transformadora, emancipatória e humanizadora, voltada para a realidade concreta da comunidade, seus objetivos e anseios, denunciando todas as formas de opressão e de degradação da dignidade humana, e, elevando a criação e a recriação da sociedade e do mundo.

Porém, a escola exclui as diferenças, deixando a margem de seus “muros e mundos” um cinturão de analfabetos “letrados e iletrados” desmotivados, que servirão de massa de mão-de-obra para os modernos “senhores donos das grandes empresas.

É função do poder público, por meio da escola, resgatar essas pessoas marginalizadas por meio de sua autoestima e propiciar uma educação de qualidade, para que esta possa progredir financeiramente e intelectualmente, tornando-se um agente eficaz de transformação.

“ (...) Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva, porque capaz de amar. (...)” Paulo Freire.

Portanto, quando se trata do desenvolvimento cognitivo de um adulto, temos que levar em consideração a realidade em que ele vive, a razão pela qual está buscando conhecimento, a sua capacidade, e qual o motivo que o levou a frequentar uma sala de aula.

Cabe ao professor a motivação desse aluno, desenvolvendo assuntos para que ele possa transformar situações do seu cotidiano.

Normalmente o diálogo leva facilmente esse aluno a expor experiências vividas em seu trabalho, viagens, família e convivência social. O professor busca orientar esse diálogo e leva-lo a escolher ou a se interessar por algo que ele queira aprender, de acordo com suas necessidades, a sua maturidade de vida.

“ (...) Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidade para a sua própria produção ou a sua construção (...)” Paulo Freire.

A vida do aluno é o centro de todo o seu saber, levar esse a dividir essas experiências de vida ajuda-o no desenvolvimento cognitivo e estimula sua vontade de estar buscando novos conhecimentos.

Esses conhecimentos normalmente vem para a sala de aula através de sua oralidade. Muitos não possuem a escrita, mas são ricos na oralidade.

Como a permanência na educação ainda é um privilégio de poucos, uma quantidade gigantesca ainda permanece a margem do domínio de uma norma culta para a escrita. Afinal se formos acreditar no mito de uma língua única, existem milhões de pessoas neste país que não tem acesso a essa língua. Claro que também falam o português, mas não o padrão, tem sua gramática particular, que, no entanto não reconhecida como válida, que é desprestigiada, ridicularizada, alvo de chacota, por parte dos falantes da gramática padrão.

“ ... todas as escolas e demais instituições voltadas para a educação abandonem esse mito de ‘unidade’ do Português no Brasil e passem a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país para melhor planejarem suas políticas de ação junto à população amplamente marginalizada dos falantes das variantes não padrão...” Marcos Bagno.

É dever da escola resgatar a linguagem desse aluno e “ propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se...” (Freire), ou seja, construir juntos o conhecimento.

Segundo o conceito de adulto defendido por Oliveira: “...adulto é um indivíduo maduro suficiente para assumir as suas responsabilidades por seus atos diante da sociedade...”

Então utilizando os quatro aspectos que o autor considera para traçar um conceito mais completo e objetivo da capacidade humana: sociológico, biológico, psicológico e jurídico, analisaremos um aluno característico da EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Em consideração: 1) a capacidade sociológica: é independente e responsável, demonstra isso chegando no horário, comparecendo com freqüência nas aulas, trabalhando de motorista de caminhão. Tem carro próprio, motivo que o levou a procurar a EJA (tirar a habilitação; 2) a capacidade biológica: ele é considerado potencialmente reprodutivo, é casado, tem dois filhos, logo é capaz de perpetuar a espécie; 3) a capacidade psicológica: demonstra uma certa dependência, demonstrando insegurança na aprendizagem. Tem dificuldades em assimilar o conteúdo mesmo que este seja transferido paralelamente com sua realidade. Não consegue usar de suas experiências para somar conhecimento; 4) a capacidade jurídica: trata-se de uma pessoa aparentemente apta para responder por seus atos e também tem bom comportamento em ambiente social. Não demonstra agressividade ou rigidez em suas atividades.

Por ser uma pessoa que tem grande dificuldade na escrita e na leitura, faz-se necessário um estudo dirigido. Toda produção textual é um vai-e-vem entre aluno e professor, até que fique relativamente satisfatória. Isso se dá também, pelo motivo de a leitura ser relativamente ruim.

“Escritor competente é aquele que adquiriu satisfatoriamente o código escrito e que, além disso, desenvolveu processos eficientes na composição do texto” Cassany

Portanto, o aluno está no processo, já que :” ... podemos reconhecer pessoas que falam como um livro e também pessoas que escrevem como falam...” Cassany. Se o meio onde aluno está propiciasse uma linguagem mais culta, certamente o seu desenvolvimento seria melhor.

Consequentemente, é indispensável a este aluno possibilitar muitas habilidade na construção textual: discriminar as informações relevantes das irrelevantes, estrutura-las numa ordem cronológica e compreensível, escolher palavras adequadas, ligar frases entre si, constituir parágrafos, até chegar a um texto coeso e coerente. Para isso é necessário trabalhar paralelamente:

1- as experiências do aluno, que segundo Freire, devem ser valorizadas;

2- a correção do professor, realizada durante o processo.

Ensinar assim, é certamente, mais difícil do que distribuir rótulos de certo ou errado para o nosso aluno, mas é mais justo e democrático.

Referências:

BAGNO, Marcos. Português ou Brasileiro? – um convite a pesquisa. São Paulo: Parábola, 2001

BAGNO, Marcos, Preconceito Lingüístico - o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2001

CASSANY, Daniel. Descrever o escrever: como se aprende a escrever. Itajaí: UNIVALI, 1999

DE NICOLA, José. Fernando Pessoa. São Paulo: Scipione, 1995

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paulinas, 1986

Poeminha do Contra


Todos esses que ai estão
atravancando o meu caminho
eles passarão...
eu passarinho!

Mário Quintana

PROJETO - GÊNEROS TEXTUAIS


1- TEMÁTICA

Título - Criando e Recriando

Produção Textual: Gêneros Textuais

2- PROBLEMÁTICA

Como fazer com que os alunos produzam diferentes Gêneros Textuais empregando a norma culta, respeitando-se as competências sociocomunicativas?

3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. CONCEITO DE TEXTO

A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido entrelaçado”. Há, portanto, uma razão etimológica para nunca esquecermos que o texto resulta da ação de tecer, de entrelaçar unidades e partes a fim de formarmos um todo, pois a textura ou tessitura de um texto permite uma rede de relações que garante a coesão de sua unidade.

A posição semiótica a respeito do contexto e da compreensão do texto, inclui-os no seu campo de pertinência, considerando-o também um objeto estritamente linguístico, definindo o mundo real que lhe serve de referência como uma linguagem, um texto, suscetível, portanto, de ser analisado com os mesmos princípios metodológicos aplicados à análise do texto.

A IMPORTÂNCIA DE ESCREVER

Para Simone de Beauvoir, escrever é desvendar o mundo, pois, compreensão da relação entre escrever e desvendar o mundo, também implica em construir, dar forma às nossas fugidias sensações, emoções, reflexões sobre o mundo e , portanto, sobre nós mesmos.

Para BARBOSA (1990), “Quando escrevemos livremente estamos, então, esculpindo a nossa vivência, a nossa experiência humana na trajetória de luzes e sombras que nos vai desenvolvendo, nos vai comprometendo com tudo aquilo em nós acreditamos.”

Em outras palavras, faz parte do ato de escrever o exercício de ler a dimensão do mundo, a dimensão do eu no mundo, que se quer expressar. Por isso, podemos dizer que escrever é, um modo de viver, é uma liberdade palpável através do qual transformamos em algo legível – e assim transmissível ao outro, inclusive o que mora dentro de cada eu – o conjunto de fragmentos que somos feitos.

Porém, a produção de um texto adequado resulta de um trabalho longo e difícil, que requer muito empenho. A fase de planejamento de um texto é pouco conhecida e utilizada pelos estudantes, que, ou começam a escrever assim que recebem o tema a ser desenvolvido, ou esperam inspiração surgir de algum lugar, mordendo a caneta e olhando para cima. A espera da inspiração, quando não está associada a um raciocínio ativo sobre a composição, é pura perda de tempo.

É necessário que o aluno-escritor conheça o objeto a ser escrito e tenha motivação ao planejar suas atividades. Planejar significa economizar e distribuir o tempo disponível. Distribuir o tempo é indispensável para escrever a redação no prazo que se tem.

“A invenção vem da imaginação e a imaginação é um labirinto em que o difícil não é a saída, é a entrada” (Rubem Fonseca)

Antes de começar a escrever, devemos recolher o material, as idéias, os fatos, as observações, com as quais elaboraremos o texto. A fase de seleção da informação é muito importante: recolher a informação própria ao assunto tem a finalidade de nos deixar à mão o material sobre o qual iremos escrever.

FOUCAMBERT (1994): “Uma informação contínua sobre o que é leitura, sobre a maneira de aprender, sobre as relações entre as situações de aprendizado e as intervenções de ensino, sobre as razões vinculadas à responsabilidade por conferir o estatuto de leitor a um indivíduo, além da prática sistemática de atividades reflexivas para teorizar as estratégias de elucidação da escrita (...)”

Ler é interpretar, é alastrar-se humanamente em infinitas direções, e é também incorporar à nossa experiência o sonho de outras pessoas.

Ler, reler, conhecer, reconhecer, criar. Nós criamos um texto quando lemos o texto. Na verdade, o que lemos não é exatamente o que está escrito, mas o que nos chama atenção, o que nos aguça a sensibilidade, dentre um mar de palavras.

Quando escrevemos, estamos interpretando, estamos lendo algum aspecto do mundo, do eu no mundo, do eu com os outros.

Para aprendermos a escrever, é necessário ter acesso à diversidade de textos escritos, testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes circunstâncias, defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca a quem se propôs a produzí-la, arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de quem já sabe escrever.

Um escritor competente é alguém que, ao produzir um texto sabe selecionar o gênero, escolhendo aquele que for apropriado a seus objetivos; que planeja o texto em função do seu objetivo e do leitor; que elabora um resumo ou toma notas durante uma exposição oral; que olha para o próprio texto como um objeto e verifica se está fusco, ambíguo, redundante, obscuro ou incompleto.

Portanto, escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos. O fato de um texto escrito não ser satisfatório não significa que seu produto tenha dificuldades quanto a manejo da linguagem cotidiana e sim que ele não domina os recursos específicos da modalidade escrita.

GÊNEROS TEXTUAIS

São maneiras de organizar informações linguísticas de acordo com a finalidade do texto, com o papel dos interlocutores e com as características da situação.

Aprendemos a reconhecer e utilizar os Gêneros Textuais no mesmo processo em que aprendemos a usar o código linguístico: reconhecendo intuitivamente o que é semelhante e o que é diferente nos diversos textos.

Do mesmo modo que desenvolvemos uma competência linguística quando aprendemos o código linguístico, desenvolvemos a competência sociocomunicativa quando aprendemos o comportamento linguístico. A definição de gênero está incluída na competência sociocomunicativa, que é aprendida intuitivamente, ou ensinada junto com as palavras e a estruturas sintáticas de uma língua, na escola ou fora dela.

Os Gêneros Textuais não se definem por aspectos formais ou estruturais da língua, estão ligados à natureza interativa do texto, ou seja, à sua funcionalidade, ao seu uso.

É pelo desenvolvimento da competência sociocomunicativa (competências transversais pessoais e interpessoais, relacionadas à capacidade de trabalhar em equipe, de planejar, de negociar, de encontrar alternativas, de liderança, de comunicação. Trata-se do saber ser, do saber intervir) que aprendemos a identificar os diferentes Gêneros Textuais.

Todo texto apresenta algo igual e algo diferente de outros textos. O igual corresponde ao que é típico da construção textual em determinado contexto social. O que é diferente corresponde às marcas dos usuários da língua. A identificação de um gênero depende desse conjunto de fatores, não apenas de um só.

Cada produção textual realiza um gênero porque é um trabalho social discursivo. As práticas sociais ou discursivas, por sua vez, determinam o gênero adequado.

4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL

Produzir, dentro da norma culta da Língua Portuguesa e das competências sociocomunicativas, diferentes Gêneros Textuais.

4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

*Produzir textos considerando sua finalidade e características;

*Utilizar recursos do sistema de pontuação;

*Resolver dúvidas ortográficas com a ajuda do dicionário;

*Reconhecer diferentes gêneros textuais;

*Planejar o texto: redigir rascunhos, revisar e cuidar da apresentação;

*Escrever diferentes gêneros textuais;

*Utilizar recursos linguísticos de coerência e coesão.

5. METODOLOGIA

O projeto será desenvolvido pelos alunos da série 801 da Escola Básica Pe. José de Anchieta.

Terá o envolvimento da Professora do Laboratório de Informática, Katiane Cugik, que nos auxiliará na produção de gravação do CD de Poesias escritas e declamadas pelos alunos.

O projeto acontecerá da seguinte forma:

1º Momento – Os alunos trabalharão as unidades 09, 10 e 11 do TP3, conforme estipulado nos Encontros do Gestar II;

2º Momento – Os alunos produzirão diferentes Gêneros Textuais: História em Quadrinhos, Charge, Fábula e Poesia;

3º Momento – Exposição dos trabalhos;

4º Momento – Gravação de um CD com os poemas produzidos pelos alunos;

5º momento – Avaliação

6. CRONOGRAMA

DATA

04/08

05/08

11/08

12/08

18/08

19/08

25/08

26/08

15/09

22/09

23/09

30/09

01/10

06/10

07/10

13/10

1º Momento

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x

2º Momento

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3º Momento

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4º Momento

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x

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5º Momento

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Obs: Cada dia corresponde a 02h/aulas

7- EQUIPE DE TRABALHO

O trabalho será desenvolvido pelos alunos da série 801 com o auxílio do Prof. de Língua Portuguesa e terá a colaboração da Profª do Laboratório de Informática.

8- AVALIAÇÃO

Numa tendência libertadora o mundo é dinâmico, portanto, existe uma preocupação que vai além da compreensão de mundo, que respeita os valores e os diversos rítmos de desenvolvimento do aluno.
Num mundo globalizado, em que os meios de comunicação transfere conceitos, conhecimentos e cultura a todo o momento, a escola vive num dilema crucial, pois não acompanha tal agilidade e ainda tem por meta desenvolver no aluno uma consciência crítica da realidade para a transformação social.
Como avaliar por métodos tradicionais com todas essas mudanças? O nosso aluno de hoje precisa dar sua opinião, que nem sempre é a opinião do professor.
Hoje não se tem uma preocupação maternal com o uso da língua. Alguns preferem o uso de estrangeirismo e esquecem que “Minha pátria é minha língua” (Caetano). A escola tem esse dever social de resgatar a linguagem, e, ao desenvolver este projeto, os alunos tiveram contato com diferentes gêneros textuais, com diferentes mundos, com diferentes opiniões, que lhes deu liberdade de pensamento e de ação.
O projeto tornou a aula mais prazerosa, pois teve a participação de todos os alunos, que de uma forma ou de outra, desenvolveram o que lhes foi pedido, chegando à gravação de um CD de poesias, que eles próprios escreveram e gravaram.
Isso é oportunidade de crescimento. Isso é tornar o aluno um ser crítico, que transforma a sua realidade.

9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, e como se faz. 6ª ed. São Paulo: Loyola, 1999.

BARBOSA, Severino Antônio M. Redação: escrever é desvendar o mundo.6ª ed. Campinas: Papirus, 1990.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. PCNs: Língua Portuguesa./ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1997.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – Gestar II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 3 – TP3: Gêneros e Tipos Textuais. Brasília, 2008.

CASSANY, Daniel. Descrever o Escrever: como se aprende a escrever; traduzido por Osmar de Souza. Itajaí: UNIVALI, 1999.